Manhã escura, la fora, um cenário de filme
de terror. Parecia ser 7 horas da manhã, mas na verdade não passavam das 3 da
tarde. Isabella ainda olhava para o teto, imaginando mil e uma mortes para
Mona, mãe de Maddy. Maddy por sua vez, dirigia como um piloto de fuga pela
cidade, a paisagem corria rápida, os olhares passam batidos.
- Isabella - Maddy gritava pela casa.
Isabella
ficou calada, gostaria de responder, mas estava muito entertida se perdendo no
seu próprio tédio. O teto agora parecia um pouco mais baixo. Maddy entrou no
quarto de Isabella se sentou na cadeira que ficava no canto do quarto, e ficou
a olhando olhar para o nada.
- Maddy, eu odeio a sua mãe - Isabella
disse simplesmente.
- Eu sei, eu também não gosto dela. -
abriu a janela e ficou observando - quer dizer, ela não é quem ela deveria ser.
- Se algum dia eu tiver a chance, eu
vou mata-la- ela olhou furiosamente.
- Não, se algum dia eu tiver a chance,
farei as honras - sorriu de um jeito maligno.
Aquela
conversa pareceria fortes vindas de pessoas comuns, mas no mundo em que viviam
onde a morte estava presente, aquilo tudo nunca fora tão normal. De repente
Maddy ouviu um zumbido como se um enxame atacasse seus ouvidos, aquele som era
tão agonizante que a fez gritar, com aquele barulho sua cabeça e suas ideias
iam se recontorcendo e o som tomava conta do céu cérebro.
- PARE POR FAVOR - gritou enquanto
tampava os ouvidos, com o rosto vermelho. - PARE COM ESSE BARULHO. - era
realmente assustador vê-la se retorcendo no chão, como se tivesse morrendo.
- Que barulho? - Isabela dizia
preocupada, e a ajudava a levantar - Amanda, que barulho?
Aos
poucos o zumbido ia diminuindo até parar de uma vez, sua cabeça ainda pesava e doía.
Era tão estranho, mais parecia um controle mental, mais parecia que alguém a
provocara aquilo.
- O que você disse? - Isabella olhou
confusa.
-Nada. - enquanto se olhava no espelho.
- Pare de falar- hesitou e saiu
andando, descalça.
Maddy
saiu andando atrás de Isabela. As coisas só não estavam normais por ali,
naquele dia escuro, as coisas pareciam estar saindo do controle, naquela casa,
desde que Hiago fora morar com Maddy as coisas passaram de anormais para TOTALMENTE
DESCONTROLAVEIS E ASSUSTADORAS. Isabella não estava mais em casa, tinha saído
com carro. Ela não conseguia ficar parada dentro de casa, não havia o que
fazer, alguma coisa estava acontecendo.
Isabella
ouvia vozes, a rua estava cheia, sua cabeça estava cheia. Alguma coisa,
pensamentos, orações, era tão difícil entender. Parou o carro em um
acostamento, e tentou respirar fundo e não se matar ali mesmo. Eram tantas
vozes, como “eu tenho contas", se concentrar era inútil, ela parecia
estar ficando louca. Sentido: nenhum. Medo: todos os possíveis.
- Hiago - a voz chorosa de Maddy falava
ao telefone com as mãos tremulas - a Isabella saiu com o carro e ela estava
muito estranha, e já faz umas 3 horas - ela chorava
Era Isabella, sua amiga, sua irmã, sua
tudo. Parecia que estava a perdendo. Isabella fazia força para não gritar ainda
mais, as vozes pareciam sumir, ou ficar um pouco mais baixas. Sua mente se acalmava,
e a fazia respirar lentamente. De
repente ela ouviu uma voz clara e límpida que dizia "Apenas se acalme,
tudo é perfeitamente normal", ficou assustada, engatou a marca e voltou
para casas. Abriu a porta, com o rosto de pele clara totalmente esbaforido.
Hiago falava preocupado ao telefone, olhou para porta e respirou aliviado. Mona
lavava a louça, como aquele velho lenço enrolado no cabelo, dizia que ser cabelo
era feio, e a deixa envergonhada, por isso o cobria com a cabeça.
- Onde você estava minha filha- ele a
abraçou com força.
- eu... preciso falar com você ,pai.
- Posso saber também? - Mona virou a
cabeça e disse com as mãos enfiadas na pia.
- NÃO- disse grosseiramente- você é meu
pai? - perguntas retóricas era a usa especialidade- eu acho que não.
Subiu
as escadas ouvindo alguns xingamentos, olhou para trás e Mona a olhava, com a
boca fechada, novamente aquele medo a abateu. Seu pai subia letamente dando uns
gemidos, talvez estivesse ficando velho, abriu a porta do quarto e se sentou na
cama e seu pai se sentou ao seu lado.
- O que aconteceu? - ele disse a
olhando desconfiado- você não está tento problemas com garotos né?
- Não pai... não - balançou a cabeça,
tomou o ar.
Antes
de soltar a língua e contar tudo, lembrou-se das vozes, e do que havia ouvido
no fim de tudo. Talvez o pai a julgasse e a dissesse que estava louca, que as
doses de Gim estavam a deixando pirada.
- É... aconteceram coisas estranhas
comigo, e eu contaria pra Maddy se não fossem tão assustadoras. Mas enfim, hoje
eu sai, pra tomar um ar fresco, então eu comecei a ouvir vozes - seus olhos
ficavam úmidos, e suas mãos tremulas -e elas eram infinitas e pesadas.
Seu
pai abaixou a cabeça e lamentou.
- Me desculpe, eu sei que você vai
dizer que eu sou louca...
-Não - interrompeu- não vou.
-Não?
-Eu sei, eu só estava esperando
acontecer. Eu sinceramente não sei por onde começar... sua avó era diferente,
ela tinha um "poder";
- Pai, que poder? - disse um pouco mais
rápido - Pai, você está me assustando.
- Me deixe terminar. Ela tinha esse
poder, e depois quando eu fiz 20 anos, eu descobri que eu também tenho esse
poder e você também tem.
- Não, eu não tenho poder nenhum.
- Sim você tem. Aquelas vozes eram
pensamentos - algumas lagrimas corriam pelo rosto de Isabela- você pode fazer tudo
com a mente, tudo. Ouça, olhe bem para mim e se concentre - ela o fez, olhou
fundo para os olhos de seu pai.
- Eu ouvi, você pensou. Pai, eu não
posso ser uma anormal assustadora.
- Você não é, tudo isso é um presente. Você
tem apenas que aprender a controlar seus poderes e não deixa-los saírem de
controle. Sua tia Luanne, era mais poderosa do que eu, muito mais, mas ela se
matou por não aprender a dominar seus poderes.
- Pai, não invente essa historia - ela
limpou os olhos - porque você não consegue ler meus pensamentos? - disse como
se o pai estivesse mentindo.
- Eu não consigo ler seus pensamentos,
mas... posso te mostrar algo? - ela concordou. De repente ela olhou para ele, e
viu sua cabeça se contorcer e o zumbido começar de ele em seus ouvidos.
- PARE! - gritou.
- Viu? Você é mais poderosa do que
imagina, você pode fazer coisas inacreditáveis, seu poder persuasivo é muito
maior e intenso do que você pensa.
- Pai, eu estou com medo.
- Eu sei, todos temos medo disso, mas
isso é incrível é o sonho de qualquer um.
- Pra mim é um pesadelo- ela olhava e
se acanhava.
- Você vai aprender a dominar seus
poderes e você vai ver que ter o poder psíquico é muito mais do que ler
pensamentos. Mesmo você não querendo, esse é o SEU DESTINO.

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