Maddy
finalmente deitou, ainda sentindo seu pulso latejando e inchando como um balão,
apagou as luzes e ficou lembrando do beijo e de como Ian era forte.
Ouviu
o som do trinco da porta virando, e viu o vulto de Ian se encostando na porta.
Ele a observava, sem fazer nem barulho ou movimento, apenas a olhava.
- Estou acorda - Maddy disse sem
olha-lo.
- Eu sei, só não quero entrar.
- Por que? - ela disse se sentando na
cama
- Olha Maddy, desculpe, eu te machuquei
e eu acho que eu já te causei problemas demais...- tentava se explicar,
enrolando-se, atropelando as palavras.
- Talvez eu queira ter problemas. - o
interrompeu e acendeu o pequeno abajur.
Ian
se aproximou da cama, tentando não invadir o espaço dela. Ela apenas o olhava,
os dois em um silencio abrangedor, que fazia Ian piscar nervoso. Agora já
estava perto demais para recoar, sentou-se na cama, ao lado de Maddy, a olhou e
segurou seu pulso.
- Me desculpe. - disse enquanto
examinava o pulso, roxo e inchado.
- Não precisa se desculpar, eu to bem.
- Maddy, acho que eu devo me afastar,
porque sei lá....- ficou sem fala - você trás a tona o que tem de mais violento
e cruel em mim.
Maddy
ficou quieta e olhou para ele, tentando entende-lo.
- Eu acho que eu não posso ficar perto
de você, eu posso te machucar.
- Ian,eu não sou tão frágil, eu
aguento.
- Mas eu não, eu não posso te machucar
mais.
Ian
saiu do quarto, batendo a porta, e sentindo seu coração sendo queimado. Chorou
sentado dentro do carro, deu um soco no volante, pegou um pedaço de papel e
começou a escrever uma carta final para Maddy.
"Querida Maddy
Desde
aquele dia, que eu te confundi com a Olive, pensar em você tem sido rotina, tem
sido tão normal quanto respirar. Mas agora, eu só penso em ter você comigo, ser
seu, apenas seu. Dormir com você, acordar com você, viver com você, morrer com
você, talvez pode parecer tão patético, tão clichê, mas é o que eu sinto. Eu me
apaixonei por como você é fria e talvez um pouco inconsequente. Mas é assim,
exatamente assim que eu gosto de você.
Usar
palavras bonitas não vai ser suficiente. Hoje foi o seu pulso, amanha pode ser
o seu coração, eu não quero quebra-lo, então, me afastarei, por um tempo,
talvez um longo tempo.
Uma
vez, um amigo me perguntou " Quantas vezes você se apaixonou?" e eu respondi
" o suficiente para não querer sentir aquilo nunca mais" Mas sim,
agora sobriamente eu respondo essa pergunta a você. Eu me apaixonei uma vez,
por uma menina linda, a mais linda que já conheci, ela é fria, é adora me
responder mal, talvez ela me odeie, mas dói, dói ama-la tanto, e saber que por
medo não posso ter lá e talvez perca o pouco dela que me pertence por descuido.
Agora,
nesse exato momento, estou no carro, usando o verso desse anuncio de Super
Mercado. Sinceramente, estou um pouco choroso.
Ainda consigo ver que a luz do seu abajur bege ainda esta acessa e você
está olhando para fora, sem saber que eu estou te observando de dentro do
carro.
Poderia
contar tudo para você, meus maiores medos, meus piores segredos, mesmo sem
querer, eu confio minha vida a você. Acho que depois de alguns meses Adrian ira
morar com sua Irmã, e eu estarei longe, bebendo como um idiota, me sentindo mal
por ter te deixado.
Não
espero que me perdoe por isso e também, não espero que esteja me esperando
quando eu voltar. Não me espere, viva a sua vida, finja que nunca me conheceu,
finja que eu nunca te amei. Sim, eu te amei, eu te amo, e provavelmente quando
eu estiver com meus netos, com os cabelos brancos e com a vista cansada eu
ainda me lembre do amor tão profundo e tão repentino que senti.
Eu
te amo,
Ian"
Ian
secou os olhos, e colocou aquele anuncio por baixo da porta. Saiu, dirigindo
feito um adolescente. Foi besteira, pensou ele. E foi, ele não deveria ter
falado tudo aquilo, muito menos falado que a amava, ninguém ama alguém com
poucos dias de convívio. Ele feriu seu pulso, desculpas seriam o suficiente,
drama, um puto drama. Pensou em voltar a tempo, bater na porta, pegar aquele
papel e joga-lo fora, e abraça-la novamente e se render por desculpas.
Estava
quase amanhecendo, e Ian dirigia,dirigia para lugar nenhum. A paisagem corria
rápido, e em sua mente a única coisa que ele se lembrava era do beijo de Maddy,
do gosto amargo e como os lábios dela eram macios.
Quem
é ela? Ele pensava, pensava com força; Era um a rua sem fim, com montanhas a
cercando, e aquela estrada estava vazia, apenas Ian e seus pensamentos
profundos. Olhou para o celular e viu que tinha algumas mensagens, a ignorou,
sabia que era Adrian, com seu tom de papai mandão e o ordenando para voltar
para casa. Preferiu não atender, seria o melhor a ser feito.
Estacionou
um carro, em uma paralela, ficou lá dentro, ouvindo uma musica irritante,e
novamente seu celular tocou, decidiu atender.
- Fala - foi seco.
- Ian, aonde você está? - Adrian disse
rápido, com aquele tom irritante.
- E é da sua conta?
- Sim, eu sou seu melhor amigo, eu
tenho que saber por onde você anda.
- A Maddy está bem? - Ian perguntou,
esquecendo de tudo.
- Não, ontem eu a Isabella fomos pra
casa dela, e a Maddy estava chorando no quarto, e a Bella me ligou e disse que
ela ainda está dormindo - Adrain fez um pausa- Você sabe de alguma coisa?
Ian
desligou o celular, e deixou aquela musica irritante ainda tocava, sentiu
novamente aquela vontade de fazer o caminho de voltar e abraçar Maddy, seria
inútil. Provavelmente, ela já estaria feliz, ou estaria amena. " Ela não sente nada por mim" Ian
pensou, e pensou aquilo por muito tempo. Fingir : De longe era a melhor opção,
fingir que nunca nada aconteceu e que aquele maldito carro quebrou e ele
conheceu Maddy, era melhor passar uma borracha por cima de tudo aquilo, era
melhor fugir da realidade e esperar por um final meio feliz. Sem ela, ele nunca
seria completamente feliz.
Mas
a vida não é conto de fadas, na vida real os vilões ganham ou vão em cana. E os
moçinhos e donzelas se fodem bonito por serem sempre bons, por serem bons com
todos. No mundo real bondade não é validada, mate e viva ou viva e morra, é a
lei mais valida do mundo. Alguns conseguem matar e viver, mas não conseguem
serem felizes. Abrir mão.
Agora,
ele fazia reflexões, com o carro totalmente parado, em uma rua deserta, havia
lugar melhor? Sim, a cama de Maddy, talvez o que mais doía era que estava
perdendo seu melhor amigo para uma garota, e essa garota era irmã de Maddy.
Teve que se afastar, mas dessa vez por mal.
- Oi, sou eu, eu sinto muito, sinto
muito.... não sei, por tudo o que causei. Acho que você deveria voltar pra
casa...
Ouviu
aquela mensagem e novamente sentiu seu coração pulsando em seu pescoço, ouvir a
voz dela era tão dolorido, sabia que havia lhe causado mal, desligou o celular,
dessa vez ninguém o incomodaria, queria ficar sozinho, agora, amanha,talvez
para sempre;
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