Amor,
o que é o amor? O fato de Isabella não saber, ou não ter certeza não a tornava
alguém ruim. Ela era ruim, fazer o que,
simplesmente era. Algumas coisas não se escolhem, não escolhemos aonde
nascemos, ou com quem nascemos, muito menos quem somos. Se pudesse escolher não
seria como é, seria : bondosa, amigável, simpática prestativa. Não seria ela.
Adrian,
poderia se imaginar casada com ele, e encher sua casa com crianças com o rosto
dele, ai sim, poderia ser a mulher mais feliz do mundo.
- Bella, você tem mesmo que desligar?-
Adrian insistia no outro lado da linha.
- Adrian, eu já disse pra não me chamar
de Bella, eu não gosto - ela disse rudemente.
- Bella, minha Bella.
- Eu tenho que desligar Adrian, já está
tarde.
- Você não dorme cedo - contestou
- Por favor, eu tenho que cuidar da
Maddy, ela anda meio mal depois que o Ian foi embora.
- É, eu sinto a falta dele - Adrian
confessou.
-Eu também. - ela disse com a voz um
pouco triste.
- AH, - foi ciumento- não precisamos
falar dele né?
- Não precisa ter ciúme Adrian - tentou
reparar o que havia dito.
- Eu não to com ciúme Isabella - disse
um pouco nervoso.
- Você acabou de me chamar de
"Isabella" desculpa, ele era meu amigo.
- Esqueça.
Silencio
- Adrian ? - Isabella chamou.
- O que?
- São 3 da manhã, esta muito frio e
assim... minha cama esta sentindo sua falta.
- Sua cama? - falou quase rindo. - E
você?
- Eu também sinto falta.
Novamente
aquele silencio, aquele romance.
- Bella? - ele disse já esperando a
resposta.
- Oi?
- Abre a porta, está frio aqui fora.
Isabella
foi, andando na ponta dos pés até a porta, virou a chave e viu ali a presença
de Adrian, lindo, como sempre. Ela o abraçou com força e o beijou. Era incrível
como se sentia bem ao lado dele e como queria ficar sempre do lado dele.
Ela
foi sem fazer barulho até o quarto de Maddy, a olhou da porta, ela estava
sentada no canto da cama, chorando novamente. Queria conversar com a irmã, mas
novamente, ela se fechou no mundo, nada saia , nada entrava, se fez de pedra,
dura e inquebrável.
- Maddy - sentou em cima da cama,
jogando as pernas de lado. - O que aconteceu?
- Nada - ela limpava as lagrimas, mas
era inútil, elas continuavam caindo.
- Ninguém chora por nada - ela disse
chegando mais perto da irmã - Maddy,
somos irmãs, você pode me contar tudo.
- Isabella, seu namorado está aqui, vá
ficar com ele.
-Não, você em primeiro lugar, porque
chora pequena?
- É o Ian.
- O que tem ele? - o tom de vez passivo
de Isabella era assustador.
- Eu o amo - Maddy abraçou a irmã e
caiu em prantos.
- Não precisa chorar - ela acariciava
os cabelos da irmã, enquanto sentia as lagrimas quentes de Maddy molharem sua
blusa.
- Não? - disse um pouco irritada. -
Você não sabe o que é isso - Maddy a afastou com as mãos, com o rosto meio
vermelho e enquanto ela fala alto - você tem o Adrian, ele está aqui, ficando
com você. E EU ISABELLA? O CARA QUE EU AMO ESTA POR AI, SE CULPANDO POR TER
QUEBRADO O MEU PULSO - ela chorava ainda mais.
- Maddy, ele vai voltar, sabe que ele
vai.
- VOCE NÃO SABE, E NÃO FINGA QUE SABE
COMO É, PORQUE NÃO SABE.- ela chorava. - eu amo o Ian, eu estou apaixonada por
ele mas o que importa, ele não esta aqui.
Isabella,
saiu do quarto, talvez fosse melhor deixa-la sozinha, deixar Maddy com seus
pensamentos, com suas lagrimas, seria melhor. Naquele momento Isabella estava
achando Ian um idiota, que tipo de homem deixa a mulher que ama por um
acidente?
Adrian
estava na cozinha, tomando água. Isabella o chamou e os dois foram até o
quarto, ela se deitou e ele se deitou depois.
- Sabe o que eu quero? - Isabella
disse, sentindo os braços de Adrian envolvendo sua cintura.
- O que?
- Quero que você more comigo.
- Maluca.
- Porque Adrian? O que tem demais
nisso?
- Acho desnecessário, só isso.
- Então é desnecessário a gente ficar
junto sempre. - ela disse um pouco brava e se afastando dele.
- Não....acho que somos novos para
isso. - ele disse reparando o erro.
- Adrian, um "não" era
suficiente.
- É complicado dizer não com esse seu
sorriso lindo.
Isabella
se arrastou até o outro lado da cama, puxou o cobertor até a cabeça e ficou
emburrada.
O
problema não era morar com ela, era deixar "aquilo" serio demais.
Querendo ou não, tinha medo do serio, tinha medo de alguma coisa que fosse
realmente duradouro. Mas seu maior medo, era sem duvida de fazê-la sofrer, não
queria ver Isabella chorando, tomando sorvete até pegar uma gripe e com algumas
camisas dele.
Não
queria que ela se magoasse, nunca. Poderia fazer como Ian, escrever uma carta
em um papel velho, colocar por baixo da porta e ir embora, sem dizer pra onde,
sem dizer porque. Era covardia, isso sim, uma covardia imensa. O amor é assim
tão ruim? Sim, é ruim.
Novamente,
os dois olham para o teto, quietos, mudos, sem respirar alto. Desculpas:
ninguém estava errado e ter o orgulho ferido seria pior do que ficar um sem o
outro.
Isabella,
nunca mais tinha usado seus poderes, poderia estar ocupada demais para matar
alguém, ou pra extorquir alguém, naquele momento poderia fazer com qualquer um.
Não queria matar alguém, apenas sentir sua nuca formigar e suas pupilas ficarem
dilatadas e esbanjar poder. Sair por ai, varar a noite, quebrar almas, era
rotina, era prazeroso. Mas aquele maldito carro quebrou, e bem perto da aquela
maldita oficina, que aquele maldito cara trabalha, que mexeu com ela e que a
partir daquele momento nada mais seria igual.
Agora,
havia um muro entre eles, Isabella era assim, não aceitava "nãos" ,
não era de hoje, nunca aceitou. Diga um não a ela e talvez ela nunca mais volte
a ser quem era com você. Isabella não havia problema em ser criticada, mas em
ser rejeitada... sim, sempre teve.
Adrian,
começou a pensar sobre os poderes de Isabella. Poderia ser tão real, assim como
os dele? Sua menina poderia mesmo fazer algo ruim para alguém? Morte, é uma
palavra forte não é mesmo? E vida? Não é tão forte assim, a morte é o ponto
final da vida. A morte chega para todos, ninguém consegue escapar de algo tão
normal. Afinal é a lei da natureza:
Nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Então quando morrer, saiba que
não precisam dar tanto valor, te colocar
em um caixão de ouro, e ficar horas chorando, vai acontecer com eles,
vai acontecer com todos.
Adrian
estava preocupado com as coisas, com Maddy, com Isabella, com Ian. Ian, tinha
uma família que o amava, ele tinha tudo, tudo o que uma criança quer. Um
menininho que chora por ver seus pais mortos na sala de televisão, nunca mais
volta a ter aqueles olhos de menino. Agora Ian estava por ai, talvez bebendo,
se drogando, talvez morto. NÃO, morto não - Adrian pensava.
Já
Maddy, com o coração mais doído do que nunca. Parecia que havia levado uma
facada, se arrependeu por ter sido tão seca com Ian, talvez tudo aquilo fosse
culpa dela.
Alguém
já te perguntou como foi seu dia? Alguém já te deu um abraço verdadeiro, alguém
já te fez sorrir?
- Amor? - Adrian disse, estava quase
amanhecendo, sabia que Isabella não conseguiu dormir .
- Sim - disse sem olhar para ele,
encarando o guarda roupa que ficava encostado na parede do quarto.
- Você esta brava? - perguntou com
aquele jeito meigo, mesmo de costas Isabella conseguia ver que ele estava
fazendo manha.
- Nunca estive.
- Vem aqui então.
Isabella
se virou, ainda com a cabeça encostada no travesseiro, olhou bem para Adrian.
Percebeu em cada detalhe do rosto dele : Os olhos dele eram um pouco puxados,
não como se Asiáticos, mas puxados, de uma cor mel, quase verdes. Um nariz fino
mas não deixava de ser masculino, um rosto um pouco quadrado e uma cor tão perfeita.
Isabella
se achegou para perto dele, ele entrelaçou as mãos pela quadril dela, e eles
adormeceram enquanto o sol nascia no horizonte.


